domingo, 3 de março de 2013

Angels Fall First - Anjos Caem Primeiro ( Nightwish )

Um rosto de anjo sorri para mim
Sob a manchete de uma tragédia
Aquele sorriso costumava me aquecer
Adeus - sem palavras pra dizer
Ao lado da cruz em seu túmulo
e aquelas velas que queimam eternamente

Necessitados em outro lugar
Para nos lembrar de quão nosso tempo é curto
Lágrimas derramadas por eles
Lagrimas de amor, lagrimas de medo
enterre meus sonhos, desenterre minhas tristezas
Oh Deus, por que
os anjos caem primeiro?

Não revivido pelos pensamentos do Shangri-La
Nem iluminado pelas lições de Cristo
Eu nunca entenderei o significado do que é certo
Ignorância me carregue para a luz

Necessitados em outro lugar
Para nos lembrar de quão nosso tempo é curto
Lágrimas derramadas por eles
Lagrimas de amor, lagrimas de medo
enterre meus sonhos, desenterre minhas tristezas
Oh Deus, por que
os anjos caem primeiro?

Cante uma canção para mim
Sobre sua beleza
Sobre seu reino
deixe as melodias de suas harpas
acariciar aqueles de quem ainda precisam

Ontem, nós demos as mãos
Meu amigo
Hoje um raio de luar ilumina meu caminho
Meu guardião






Pale Enchantress - Pálida Feiticeira ( Tristania )


Escuridão... Tu abraças meu coração sangrante
Meus sonhos... Unindo nossos olhos lacrimosos, maravilhosos...
Á noite... Eu beijo a serpente em tuas lágrimas
Por anos... Teu sofrimento eu lamentei

Ouvindo meu choro de lua descendente
Desejando por outra noite
Lamentando minha outrora amada
Hipnotizado e escurecido

 Vinde a mim, com sua serenidade
 Minha pálida feiticeira da noite
 O anoitecer morreu, em tuas lágrimas
 Até que enfim a minha vela... Queimando
 Queimando deixa extasiado, de luz
 A lua de inverno está brilhando sombriamente
 Tempo de sangramento, andar na linha
 Para ti minha feiticeira

Encantando, todos os meus sonhos
Uma beleza e seu dilúvio de lágrimas
Anoitecer, abrace o meu coração
Hipnotizado e escurecido

 Todas as minhas lágrimas têm consagrado o meu mar de lua
 Minha pálida feiticeira da noite
 O anoitecer está aqui, mas para mim...
 Eu desejo-te

Temeroso eu ando com ti... Até a noite... Pelos ventos da perda...
Sua beleza e seu dilúvio... Abraçe... Meu coração sangrando...
Lacrimejante eu caio com ti... Enfim... Levam-me lá...
Para onde tuas sombras lançam... Eles dançam... na aveludada escuridão perdida...

Ergua-se... Inverno sombrio da lua cheia

Ergua-se!

 No sono, o desejo, para a luz

Na vida... Eu beijei a serpente em tuas lágrimas
Por muitos anos... Teu sofrimento, eu lamentei...

 A dança no jardim das delícias




TERZA RIMA - Álvares de Azevedo


É belo dentre a cinza ver ardendo

Nas mãos do fumador um bom cigarro,

Sentir o fumo em névoas recendendo...


Do cachimbo alemão no louro barro

Ver a chama vermelha estremecendo

E até... perdoem... respirar-lhe o sarro!


Porém o que há mais doce nesta vida,

O que das mágoas desvanece o luto

E dá som a uma alma empobrecida,

Palavra d'honra, és tu, Ó meu charuto!




À sombra de tua sombra


Nos dias mais tristes
Ainda hei de cantar
Mesmo que a voz, antes doce,
Seja turva, entre escarros
Ou mesmo que ninguém ouça.

Hei de cantar.

Se os dias tristes persistirem
 Não terei ombro amigo
Nem um colo
Um abrigo
Ou um jazigo

Se os dias tristes persistirem
Hei de cantar.

Hei de andar sob a sombra
De um sol ardente.
Beber na fonte imunda de um oásis
E descalço cruzar o meu deserto.
Incerto de ainda ser vivente.

E tu me acolherás
Sob a sombra de tua sombra,
Acolherás meu corpo ressequido
E me dará nos lábios
O beijo tão sonhado,
Antes pedido
E antes negado.

E eu hei de cantar
Mesmo nos dias tristes,
Mesmo na incerteza
De ainda ser teu.

http://terza-rima.blogspot.com.br

sábado, 2 de março de 2013

Solitude X Solidão


Somente a palavra “solitário” imediatamente lembra a você de que é algo como um machucado: algo é necessário para preenchê-lo. Há uma lacuna e ela dói: algo precisa preenchê-la. A própria palavra “solitude” não possui o mesmo sentido de um machucado, de uma lacuna que precisa ser preenchida. Solitude simplesmente significa completude. Você é um todo; não há necessidade de nenhuma outra pessoa para completá-lo.
Portanto tente encontrar o seu centro mais íntimo, onde você está sempre sozinho, sempre esteve sozinho. Em vida, em morte – onde estiver você estará sozinho. Mas é tão cheio – não é vazio, é tão cheio e tão completo, tão transbordante de todas as essências da vida, com todas as belezas e bênçãos da existência, que uma vez que você tenha experimentado a solitude a dor no coração irá desaparecer. No lugar dela, um novo ritmo de tremenda doçura, paz, alegria, felicidade estará lá.
Isto não significa que um homem que está centrado em sua solitude, completo em si-mesmo, não possa fazer amigos – na verdade, somente ele pode fazer amigos, por que não é mais uma necessidade, é somente um compartilhamento.  Ele tem tanto, ele pode compartilhar.
A amizade pode ser de dois tipos. Uma é a amizade em que você é um pedinte – você precisa de algo do outro para ajudar a sua solidão – e o outro também é um pedinte, ele quer o mesmo que você.  E naturalmente, dois pedintes não podem se ajudar. Em breve eles perceberão que seus pedidos de um pedinte duplicaram ou multiplicaram a sua necessidade. Ao invés de um pedinte, agora são dois. E se, infelizmente, tiverem crianças, então ali haverá uma companhia completa de pedintes que estão pedindo – e ninguém tem nada a dar.
Então todos estão frustrados e bravos, e todo mundo sente que foi traído, enganado.  E na verdade, ninguém está traindo e ninguém está enganando, pois o que você tem?
O outro tipo de amizade, o outro tipo de amor, possui uma qualidade totalmente diferente.  Não é de uma necessidade, ele vem do enorme tanto que você tem que quer compartilhar. Um novo tipo de alegria brotou no seu ser – a do compartilhamento, que você antes não estava consciente. Você esteve sempre pedindo.
Quando você compartilha, o apego é impossível. Você flui com a existência, com a mudança da vida, por que não importa com quem você compartilha. Pode ser a mesma pessoa amanhã – a mesma pessoa por toda a sua vida – ou podem ser diferentes pessoas. Não é um contrato, não é um casamento; é somente a partir da sua plenitude que você quer dar. Então independente de quem seja que esteja perto de você, você dá. E dar é uma grande alegria.
Pedir é uma miséria tão grande. Mesmo que você consiga alguma coisa pedindo, você irá permanecer miserável. Isso machuca. Isso machuca o seu orgulho, machuca a sua integridade. Mas compartilhar o faz ficar mais centrado, mais orgulhoso, mas não mais egoísta – mais orgulhoso de que a existência tem sido mais compassiva com você. Não é ego; é um fenômeno totalmente diferente… um reconhecimento que a existência permitiu a você algo que milhões de pessoas têm tentado, mas na porta errada. Você esteve na porta certa.
Você está orgulhoso de sua felicidade e por tudo que a existência deu a você. O medo desaparece, a escuridão desaparece, o sofrimento desaparece, o desejo por outros desaparece.
Você pode amar uma pessoa, e se a pessoa amar outra não haverá ciúme algum, porque você amou a partir de tanta alegria. Não era um apego. Você não estava segurando a pessoa na prisão. Você não estava preocupado que a pessoa poderia escapar pelos seus dedos, que alguém poderia começar um relacionamento amoroso…
Quando você está compartilhando a sua alegria, você não cria uma prisão para ninguém. Você simplesmente dá. Você sequer espera gratidão ou agradecimento por que você não deu para receber algo, nem mesmo gratidão. Você está dando por que está tão cheio que precisa dar.
Então se alguém for agradecido, você é agradecido a pessoa que aceitou o seu amor, que aceitou o seu presente. Ela aliviou você, ela permitiu que você a regasse com sua abundância. E quanto mais você compartilha, quanto mais dá, mais você tem. Então isso não faz você um avarento, não cria um medo de “eu posso perder isso”. Na verdade, quanto mais você perde, mais águas frescas irão fluir de fontes que você não tinha consciência antes.
Por isso eu não vou dizer nada para você fazer com a sua solidão.
Procure por sua solitude.
Esqueça a solidão, esqueça a escuridão, esqueça o sofrimento. Eles são apenas as ausências da solitude. A experiência da solitude irá dispersá-los instantaneamente. E o método é o mesmo: apenas observe a sua mente, seja consciente.  Se torne mais e mais cônscio, até que finalmente você seja somente consciência de si-mesmo. Este é o ponto quando você se torna consciente de sua solitude.
Você ficará surpreso que diferentes religiões deram nomes diferentes ao estado último da realização. As três religiões nascidas fora da Índia não possuem um nome para isso porque nunca foram longe na busca do si-mesmo. Elas permaneceram infantis, imaturas, apegadas a um Deus, apegadas à oração, apegadas a um salvador. Você entende o que eu quis dizer: elas são sempre dependentes – algum outro irá salvá-las.  Elas não são maduras. Judaísmo, Cristianismo, Islamismo – elas não são nem um pouco maduras e talvez seja essa a razão de terem influenciado a grande maioria do mundo, por que a maioria das pessoas do mundo são imaturas. Elas têm uma certa afinidade.
Mas as três religiões da Índia têm três nomes para esse estado último.  E eu lembrei disso por causa da palavra solitude. O Jainismo escolheu kaivalya, solitude, como o estado último do ser. Assim como o Budismo escolheu nirvana, não-ser, e o Hinduísmo escolheu moksha, liberdade, o Jainismo escolheu a solitude absoluta. Todas as três palavras são belas. São três aspectos diferentes de uma mesma realidade. Você pode chamar de liberação, liberdade; você pode chamar de solitude; você pode chamar de não-ser, nada – são somente indicadores diferentes em relação à última experiência para qual nenhum nome é suficiente.
Mas sempre procure ver se qualquer coisa que você estiver enfrentando como um problema é algo negativo ou algo positivo. Se for algo negativo, então não lute contra; não se preocupe nem um pouco com isso. Somente procure pelo positivo do problema, e você estará na porta certa.
A maioria das pessoas perde por que elas começam a brigar diretamente com a porta negativa.
Não existe porta; há somente escuridão, há somente ausência. E quanto mais elas brigam, mais encontram fracasso, mais se tornam deprimidas, pessimistas… e finalmente passam a achar que a vida não tem sentido, que é simplesmente tortura. Mas o seu erro é que entraram pela porta errada.
Então antes de enfrentar um problema, apenas olhe para ele: é a ausência de alguma coisa? E todos os seus problemas são a ausência de alguma coisa. E uma vez que você tenha encontrado a ausência de que eles se originam, então vá atrás do positivo. E no momento que você encontrar o positivo, a luz – a escuridão se foi.




Solitude não é solidão...


Solitude é o estado de privacidade de uma pessoa, não significando, propriamente, estado de solidão.

Pode representar o isolamento e a reclusão, voluntários ou impostos, porém não diretamente associados a sofrimento.

Solitude é o isolamento ou reclusão voluntário, quando o indivíduo busca estar em paz consigo mesmo. Diferente da solidão que em sua essência é o estado emocional do indivíduo que deseja ardentemente uma companhia e não a tem. Um indivíduo pode estar cercado de amigos, em meio a um salão de festas muito animado, e ainda assim estar corroído pela solidão.

Em alguns casos, o indivíduo escolhe isso pelas experiências que lhe foram desagradáveis em algum tempo atrás. Sendo então a solitude uma maneira de evitar que o mesmo incidente ocorra novamente. 

 Bem pouco usual para a maioria dos brasileiros, a palavra solitude pode bem ser o aloneness do inglês. Embora também exista no espanhol com o mesmo sentido da nossa solidão ou do loneliness, a solitude foi introduzida na língua portuguesa para designar exatamente a solidão do silêncio intencional, com alguma finalidade positiva.

          Eu vejo em solitude uma palavra belíssima, imponente, poética. Gosto, inclusive, por que tem a grafia e a sonoridade parecidas com outra palavra que uso muito: solicitude (qualidade de quem é solícito, de quem tem atenção, delicadeza, consideração). Dá até para arriscar que a solitude é uma espécie de solicitude consigo mesmo; um instante de atenção que todas as pessoas deveriam dispensar a si próprias em muitos momentos de suas vidas.

          A verdade é que por solitude ser uma palavra bem pouco usada, termina prevalecendo a palavra solidão com toda a sua força histórica. Muito provavelmente por isso praticamente não existe alguém que admita ser solitário. É compreensível, já que se admitir assim é, de alguma forma, admitir-se derrotado ou desdenhado pela sociedade. Em sã consciência ninguém deseja a solidão neste contexto.

Infelizmente, não são muitos os que chegam a este grau de auto-conhecimento. Até porque este tipo de conhecimento requer muita humildade para vencer o orgulho nefasto que cega as pessoas e as impede de ver seus próprios defeitos e limites. É maravilhoso alguém ter consciência de que tem assuntos pendentes consigo mesmo e querer encontrar tempo e espaço para encará-los.

Compartilho desse pensamento e reforço que só se tem a ganhar na busca pela solitude. Vale a pena aprender a estar sozinho, até para enfrentar os momentos de real solidão – que sempre surgem pela perda de um ente querido, pelo fim de um amor ou por um certo vazio existencial inexplicável.

Mussak (educador e escritor ) diz o seguinte: “foi quando estava só que eu tive os grandes momentos de inspiração, tomei as principais decisões de minha vida, cheguei mais fundo na análise de minhas angústias, experimentei o prazer de minhas certezas. É quando estou só que a leitura faz mais efeito e a escrita flui com naturalidade. Sozinho, percebo que a música está tentando me fazer companhia. Foi na imensa solidão de meu pequeno quarto de adolescente que decidi que iria dedicar-me a algo que envolvesse a alma humana”.